TRISTEZA

 A luta contínua durante mais da metade da minha vida foi perdida. Lutei para dar o melhor e recebi indiferença. Tudo que fiz perdeu o senti...

segunda-feira, 13 de junho de 2022

CAFÉ LITERÁRIO- Projeto

CAFÉ LITERÁRIO- Projeto

            Título: CAFÉ LITERÁRIO – A narrativa literária como fonte de conhecimento.

Introdução: O que é literatura? 

A perspectiva conceitual de literatura com que lidaremos para o desenvolvimento do Projeto de Extensão “CAFÉ LITERÁRIO – A narrativa literária como fonte de conhecimento” tem no pensador francês Roland Barthes (1915-1980) o grande fundamento. Ele afirma, em primeiro lugar, que não considera a literatura como comumente se admite: o corpus de um conjunto de obras, nem um ramo comercial cuja mercadoria são livros de gêneros específicos, e, muito menos, o ensino de uma determinada disciplina. Para o viés barthesiano, esse termo tem uma peculiaridade mais profunda, trata-se do “grafo complexo das pegadas de uma prática: a prática de escrever” (BARTHES, 2007, p. 16). Tal grafo complexo, ele chamará de texto, que nada mais é que o “tecido dos significantes que constitui a obra” (BARTHES, 2007, p. 16). O foco que Barthes dá ao texto advém do fato de ele o tomar como o autêntico manifestar da língua, tornando-se, portanto, o ambiente ideal para se travar o combate contra o poder nela manifesto, para ardilosamente dele desviar-se, “não pela mensagem de que ela é instrumento, mas pelo jogo das palavras de que ela é o teatro” (BARTHES, 2007, p. 16). Com isso, o semiólogo francês quer deixar patente que a possibilidade de escape ao poder, presente na literatura, não depende da postura política do escritor em sua vida civil, tampouco do sentido doutrinário que sua obra possa ter, mas essencialmente do exercício de deslocamento que ele efetua sobre a língua. Em outras palavras, a preocupação de Barthes reside na forma de como o texto literário se organiza, se configura, na busca por ludibriar a língua, constituindo-se, assim, num avesso do poder, ou, o que também é verdadeiro, no desvelamento do poder desde o seu avesso. O deslocamento operado sobre a língua, mediante a configuração da forma que se consuma no texto literário, revelam as forças da literatura, entre a quais, Barthes destaca três: a Mathesis, a Mimesis e a Semiosis.
O termo grego mathesis tomado por empréstimo por Barthes, para empregá-lo como uma das forças da literatura, tem um sentido similar ao que o filósofo francês René Descartes (1596-1560) já utilizara no início da filosofia moderna, que se traduz nos seguintes termos: “o bom método é aquele que permite conhecer verdadeiramente o maior número de coisas com o menor número de regras” (CHAUI, 1996, p. 77, grifo da autora). Em razão disso, tal método deveria sempre ser considerado matemático, ou seja, “tomado no sentido grego da expressão ta mathema, isto é, conhecimento completo, perfeito e inteiramente dominado pela inteligência” (CHAUI, 1996, 77).

Mutatis mutandis, é por um viés aproximado que Barthes afirma que “A literatura assume muitos saberes” (BARTHES, 2007, p. 17). Tomando como exemplo o romance Robinson Crusoé, do escritor inglês Daniel Defoe (1660-1731), Barthes ressalta nessa obra a presença de saberes diversos, como, o histórico, o geográfico, o social, o botânico, o antropológico. Num tom visionário, enaltecendo a força da Mathesis literária, o semiólogo francês declara que, se por alguma inexplicável razão, todas as disciplinas tivessem que ser extintas do ensino, com a exceção de uma só, esta deveria ser a literatura, “pois todas as ciências estão presentes no monumento literário” (BARTHES, 2007, p. 17).

Justificativa

O desenvolvimento do presente projeto tem em vista a apresentação e o debate de obras literárias, de gênero narrativo, de autores representativos da literatura brasileira e universal, com o fito de compreender a matéria literária de gênero narrativo como fonte de conhecimento, como imitação do real e como deslocamento da linguagem em seu combate às diversas manifestações do poder.

Objetivo

Geral

• Apresentar e problematizar obras literárias de gênero narrativo, de autores representativos da literatura brasileira e universal.
• Provocar os participantes à leitura e ao debate das obras literárias apresentadas e problematizadas.

•Difundir a leitura de obras literárias de gênero narrativo.
• Realização de oficinas de criação literária, com o objetivo de formar leitores atentos e críticos e proporcionar oportunidades de exercício de criatividade literária de gênero narrativo.

Específicos

• Tornar o Projeto de Extensão “CAFÉ LITERÁRIO – A narrativa literária como fonte de conhecimento” um espaço de articulação e integração entre os alunos
• Fomentar o hábito da leitura de obras literárias, de gênero narrativo, de autores representativos da literatura brasileira e universal.

• Oportunizar exercício da criação literária de gênero literário.

Metodologia

O Projeto de Extensão “CAFÉ LITERÁRIO – A narrativa literária como fonte de conhecimento” se realizará a partir da seguinte metodologia:
a) Bimestralmente, sempre às segundas, no período vespertino, das 07:00hs às 09:00hs, nas dependências da Escola Estadual Cecília de Negri;

b)  As edições do Café Literário, terá a apresentação e problematização de uma obra literária de gênero narrativo, de um autor representativo da literatura brasileira ou universal, por parte dos alunos com entrega, após a leitura, de uma ficha de leitura e a apresentação em sala de aula de uma síntese da obra literária lida.

c) O Café Literário aceitará a apresentação e discussão de obras literárias, desde que estejam em consonância com os princípios de objetivos do projeto, sobretudo, que sejam obras literárias de gênero narrativo, e de qualidade reconhecida criticamente. Além disso, a apresentação de propostas estará submetida à disponibilidade de datas no cronograma bimestral do projeto.
d) Os temas a serem desenvolvidos em cada oficina bimestral serão:

a) a voz narrativa;

 b) o processo criador,

c) a construção da personagem.

e) No intervalo das apresentações e discussões das obras literárias será servido café com salgado e/ou doce trazidos pelos alunos.

A participação dos estudantes também se realizará mediante as seguintes atividades:
• Confecção de cartazes (impresso e virtual) para divulgação de cada edição do Café Literário.

• Auxílio ao coordenador na realização de cada edição do Café Literário.
• Cobertura fotográfica e fílmica de cada edição do Café Literário.

• Alimentação do blog.

Acompanhamento e Avaliação

 O acompanhamento de avaliação do desenvolvimento do Projeto de Extensão “CAFÉ LITERÁRIO – A narrativa literária como fonte de conhecimento” far-se-á mediante os seguintes procedimentos:

• Reuniões mensais da equipe escolar para avaliação das oficinas do Café Literários 
• Acompanhamento quantitativo e qualitativo da participação dos alunos às edições do Café Literário, mediante a utilização de fichas de leitura e de apresentação.
• Registro fotográfico e fílmico de todas as edições do Café Literário.
• Acompanhamento criterioso da realização da apresentação de síntese.

11. Referências Bibliográficas

BARTHES, Roland. Aula – Aula inaugural da Cadeira de Semiologia Literária do Colégio de França. [trad. Leyla Perrone-Moisés]. São Paulo: Cultrix, 2007.
CHAUI, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2 ed. São Paulo: Companhia da Letras, 2002.
CHAUI, Marilena. Filosofia Moderna. In: Primeira filosofia – aspectos da história da filosofia. OLIVEIRA, Armando Mora de (et alli). São Paulo: Brasiliense, 1996. p. 60-108.
KAFKA, Franz. Um artista da fome e A metamorfose. [trad. Torrieri Guimarães]. Rio de Janeiro, Ediouro, 1989.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa (tomo 1). [trad. Constança Marcondes César]. Campinas-SP: Papirus, 1994.
STEINER, George. Linguagem e silêncio – Ensaios sobre a crise da linguagem. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.